Petroleiros dizem que Petrobras subnotifica e omite mortes por coronavírus em refinarias

Petroleiros dizem que Petrobras subnotifica e omite mortes por coronavírus em refinarias

Porto Velho, RO -  Sindicatos de trabalhadores da Petrobrás reforçam que, depois das plataformas de petróleo, refinarias da estatal têm focos de contaminação pelo novo coronavírus. Eles denunciam surtos em unidades em Cubatão (SP), no Rio de Janeiro (RJ) e em Manaus (AM). Os sindicatos questionam os números de contaminados divulgados pela companhia, acusada de subnotificar casos e até omitir mortes. Um balanço do MME (Ministério de Minas e Energia) falava em 806 casos. Oficialmente, porém, a estatal contabilizava na sexta-feira (15) 238 empregados contaminados.

De acordo com levantamentos de petroleiros, há ao menos 11 casos confirmados em Cubatão, onde trabalham geralmente cerca de 1.200 pessoas. Cinco deles estariam internados em hospitais da região, sendo três na UTI. Outros 28 trabalhadores estão afastados por suspeita de coronavírus, informou o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista. Os relatos foram publicados no jornal Folha de S.Paulo. 

Os sindicatos falam na possibilidade de "greve sanitária", uma paralisação não voluntária pelo número de infectados. Diretor da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar diz que "esse tipo de relato se espalha em unidades pelo Brasil, de pessoas que não foram afastadas após contato direto com contaminados nem foram submetidas a exames". "Há descuido da Petrobras com essas pessoas. Os casos estão se proliferando", acrescenta.

Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, petroleiros relatam ao menos 64 casos confirmados. Incluindo os terceirizados, o número de casos passaria de cem. 

Outro foco de contaminados está na obra do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), onde há 34 casos confirmados entre 6.000 funcionários, considerando empregados da obra e da Petrobras, também de acordo com os sindicatos.

Outro lado

A Petrobrás afirmou que todos os empregados em estágio ativo da doença confirmado por teste estão em isolamento e sendo monitorados por equipes de saúde da empresa.

"Adotamos medidas muito fortes no sentido de garantir que nossas instalações estejam seguras em relação a suspeitos e infectados", disse na sexta (15) em entrevista à imprensa o diretor de Relações Institucionais da companhia, Roberto Ardenghy.

Segundo o dirigente, o número de 800 infectados está incorreto. "E temos outra coisa importante: mais de 50% dos contaminados já estão recuperados, já voltaram às suas atividades e estão trabalhando normalmente", acrescentou.