Republicanas puxam recorde de mulheres no Congresso dos EUA

Republicanas puxam recorde de mulheres no Congresso dos EUA

Porto Velho, RO - A eleição de Kamala Harris como a primeira mulher a conquistar a Vice-Presidência dos Estados Unidos não foi a única vitória dos movimentos ativistas que reivindicam maior participação feminina na política americana.

 Antes mesmo de a contagem final dos votos apresentar o panorama definitivo de quem ocupará as vagas do Senado e da Câmara dos Representantes, as projeções apontam que o número de mulheres congressistas a partir de 2021 será o maior da história do país.

Segundo o Center for American Women and Politics (CAWP), ao menos 24 senadoras e 111 deputadas serão eleitas neste ano, um total de 135 cadeiras do Legislativo americano -o número é atualizado à medida que a apuração avança e pode ser ainda maior.

Assim, a evolução da participação feminina alcançará, um recorde histórico 104 anos depois da eleição de Jeannette Rankin, a primeira mulher a ocupar um cargo público eletivo em nível federal, em 1917 -ela conquistou uma vaga de deputada pelo Partido Repulicano, representando o estado de Montana.

Até o final dos anos 1970, o número de mulheres no Congresso oscilava e nunca passava de 20, mas a partir de 1981 iniciou-se uma tendência de crescimento ininterrupto e, a cada nova eleição, um novo recorde foi batido.

No último pleito, em 2018, as mulheres do Legislativo fizeram história ao somar 127 cadeiras -26 no Senado e 101 na Câmara. Os números deste ano ainda podem sofrer variações, mas, segundo as projeções do CAWP, a nova marca histórica já está estabelecida.

O avanço e o recorde foram impulsionados pelo crescimento no número de mulheres eleitas pelo Partido Republicano. Segundo o CAWP, as mulheres da legenda do atual presidente, Donald Trump, conquistaram 32 vagas –aumento de 45,5% em relação às 22 cadeiras da atual bancada feminina republicana.

Por outro lado, o bloco formado pelas congressistas democratas caiu de 105 para 103, embora ainda represente mais que o triplo do total das deputadas e senadoras rivais.
Apesar das conquistas que transcendem as barreiras partídárias, os números indicam que a ala feminina ainda é sub-representada no Congresso americano.

Embora sejam 50,8% da população do país, de acordo com o Censo dos EUA, mulheres serão, se as projeções se concretizarem, pouco mais de 25% do total de congressistas -25,5% das 435 cadeiras da Câmara e 24% dos cem assentos no Senado.

O perfil das eleitas varia bastante. De um lado, está a deputada por Nova York Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida como AOC, fenômeno das redes sociais e principal expoente da ala mais à esquerda do Partido Democrata.

De outro, está a republicana Marjorie Taylor Greene, deputada da Geórgia que tem ligações com o QAnon, grupo de ultradireita que afirma, sem base em fatos, a existência de uma conspiração mundial envolvendo artistas e políticos para o tráfico sexual de crianças.

Ainda de acordo com as projeções, mulheres negras terão uma ligeira perda de espaço no Congresso, embora suas candidaturas possam ter sido impulsionadas pelos atos antirracismo que se espalharam no país após as mortes de George Floyd e Breonna Taylor, entre outras vítimas da brutalidade policial nos EUA.

Segundo os números do CAWP, 47 candidatas afro-americanas conseguiram uma vaga no Legislativo -44 na Câmara, e 3, no Senado. Dessas, 45 são do Partido Democrata, e 2, do Republicano. No mandato atual, as congressistas negras somam 48 cadeiras.

Destacaram-se nesse recorte de gênero e raça as candidaturas de Ayanna Pressley, reeleita deputada por Massachusetts depois de ser a primeira mulher negra a conquistar uma vaga no Congresso pelo estado, e Cori Bush, ativista do movimento Black Lives Matter (vidas negras importam), que liderou protestos contra a violência policial em Ferguson, no Missouri, quando ?Michael Brown, um jovem ?negro, foi morto a tiros por um agente branco, em 2015.

Em cargo legislativo, mas fora do Congresso, a diversidade também apareceu na eleição de Sarah McBride, ativista dos direitos da comunidade LGBT e ex-estagiária da Casa Branca na gestão de Barack Obama. Representando o estado de Delaware, ela será a primeira mulher trans a ser eleita senadora estadual no país -e a pessoa transgênero com cargo oficial mais alto nos EUA.

Duas muçulmanas conquistaram a reeleição depois de serem as primeiras seguidoras do islamismo a conseguirem vagas no Congresso no pleito de 2018. Rashida Tlaib, de ascendência palestina, foi eleita deputada naquele ano e volta a ser aprovada pelos eleitores de Michigan.

Por fim, Ilhan Omar ganhou nas urnas um novo mandato na Câmara dos Representantes. Oriunda da Somália, ?foi a primeira mulher não branca e a primeira deputada nascida na África a representar o estado de Minnesota.