‘ONU foi ao Iraque por pressão dos EUA mesmo sem haver necessidade’

‘ONU foi ao Iraque por pressão dos EUA mesmo sem haver necessidade’

Porto Velho, RO - A economista, ex-funcionária da Organização das Nações Unidas (ONU) e viúva do diplomata da ONU Sérgio Vieira de Mello - que foi morto durante operação da organização em Bagdá (Iraque), em 2003 - concedeu entrevista à TV 247 nesta sexta-feira 8, na qual falou sobre sua história com Sérgio e contextualizou os fatos que levaram ao atentado que tirou a vida de seu marido.

Na época em que foram enviados para o Iraque, Sérgio era Alto Comissário dos Direitos Humanos na ONU e os Estados Unidos, que haviam começado uma guerra contra o país do Oriente Médio para derrubar Saddam Hussein, estavam fazendo pressão para ter uma presença das Nações Unidas no local. Segundo ela, “Sérgio declinou três vezes. Não queria ir”, mas foi ordenado pelo superior mesmo assim. “Ele queria continuar trabalhando com os direitos humanos”, ressaltou.

Carolina Larriera disse também que “o trabalho poderia ter sido feito sem ter ido para lá”, através de missões pontuais, como acabou sendo feito posteriormente. Até porque, reforça, “não existiam garantias de segurança para estar lá”. “Fomos colocados sem o mínimo de cuidado com a segurança e às pressas”. E assim explica que, apesar de após o atentado ao Hotel Canal Sérgio ter resistido por 4 horas, ele não sobreviveu “porque não tinham equipes de resgate”.

A viúva de Sérgio Vieira de Mello denuncia que depois do ocorrido, “a organização varreu-o para debaixo do tapete”. E por ter denunciado que não fazia sentido ter ido para o Iraque e que não tinham os elementos de seguranças necessários para a operação, ela própria também foi perseguida pela ONU.

“Fui excluída da lista de sobreviventes [do atentado] e minha declaração ficou fora das investigações”, revela. Colocaram obstáculos até para que fosse ao velório de seu marido para se despedir, lembra. “Falaram que eu não era casada formalmente com Sérgio. Não era reconhecida”, disse ela ao jornalista Aquiles Lins.

Mesmo após 10 anos de briga judicial e - finalmente - o reconhecimento da relação pela Justiça brasileira, “a ONU continuou não reconhecendo”.