Proteção e uso sustentável são objetivos dos engenheiros florestais de Rondônia que celebram a profissão em 12 de julho

Proteção e uso sustentável são objetivos dos engenheiros florestais de Rondônia que celebram a profissão em 12 de julho

Porto Velho, RO - “Economicamente viável, ecologicamente justo e socialmente importante”. Esse é o olhar do desenvolvimento ambiental, segundo o engenheiro florestal Eugênio Pacelli. E, “a missão é a proteção das florestas utilizando os recursos de forma sustentável”, como disse o engenheiro Natanel Pinheiro. Com duas perspectivas em unidade de propósito, o mais novo e o mais antigo admiram a beleza de contribuir com a utilização dos recursos naturais do Estado. Neste dia 12 de julho, criado para celebrar a profissão de Engenharia Florestal, como um memorial de tamanha importância, ressalta-se a preservação e uso consciente do mais antigo ser vivo, a árvore, e tudo que engloba a natureza vasta e rica existente em Rondônia.

Mais de 760 atribuições possibilitam o trabalho de engenharia florestal. Legalmente, o Engenheiro Florestal é o único profissional que pode trabalhar nas florestas. Rondônia conta com aproximadamente 500 engenheiros florestais, que atuam em áreas abrangentes, da semente ao produto fim, que é a madeira, como o manejo, o reflorestamento, a preservação, a industrialização, arborização e paisagismo, unidades de conservação, fauna, laboratório de sementes e análise de solo, pesquisas e identificação botânica, levantamento de espécies, mudanças climáticas, dentre outros.

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) tem o papel de validar as informações, realizar análises técnica e documental, e vistoria em campo, auditando as informações, conferindo espécies, dados volumétricos, e quando aprovado, autorizando o proprietário rural à exploração de forma legal da madeira, segundo explicou o engenheiro florestal, Natanel Pinheiro, 26.

Natanael graduou-se em 2015 e no ano seguinte iniciou a profissão no quadro efetivo da Sedam, por meio de um concurso público. Hoje, se especializa em auditoria e gestão ambiental. Atuando na Coordenadoria de Desenvolvimento Florestal (Codef), trabalha com plano de manejo florestal, plano de supressão, autorização de supressão florestal, e Coeficiente de Rendimento Volumétrico, contribuindo para a utilização legal, de forma justa, da vegetação. Cresceu em um sítio e com a infância marcada pela natureza, se diz realizado.

“É uma realização de vida que me fez querer contribuir com o país. Ser útil, mas, com pequenas ações, contribuir de alguma forma para uso sustentável dos recursos naturais”, declarou acrescentando que essa realidade é possível com estudo científico, dados técnicos e planejamento.

Uma terra amazônica diferenciada, como observou Natanael, o Estado tem percentual de quase 50% de vegetação, separada em unidades de conservação, áreas estadual, federal, indígenas, e propriedades rurais privadas.

“A visão do Florestal é ampla, mas nosso papel é usar esses recursos florestais de forma sustentável. Onde entra nosso projeto de manejo, onde a análise visa acompanhar e vistoriar as propriedades, onde o produtor rural, principalmente em reservas extrativistas, tem um aproveitamento de madeira de forma legal, sem exploração irregular. Nosso papel é muito importante na preservação da floresta, um trabalho de conscientização e visão do potencial”, disse.

Com a tecnologia, o trabalho do engenheiro florestal foi aprimorado com as imagens via satélite, como o núcleo de geoprocessamento da Sedam, que possibilita observar áreas de desmatamento, analisar as áreas vulneráveis no entorno das unidades de conservação, identificar os riscos ocasionados por qualquer atividade. A principal aliada da profissão é a conservação do Estado, utilizando os recursos de forma sustentável, como o trabalho de reflorestamento, desenvolvendo espécies primitivas, nativas e exóticas. “Existe uma gama de essências que variam de uma simples planta que cresce em cima de outra árvore à Castanheira, que tem restrição de corte. Além de espécies desconhecidas. Quando vou em campo, nos ambientes florestais, todas as vezes vejo uma espécie que nunca conheci”, declarou Natanael a respeito das riquezas naturais existentes em Rondônia.

O dia do Engenheiro Florestal foi criado em homenagem ao alemão São Gualberto, que possuía um bosque na Alemanha e foi protetor das florestas, em 1822. Essa referência inspirou a profissão ao Brasil, onde teve o início de sua história com a exploração do Pau-Brasil, quando os portugueses retiravam a madeira, exportavam à Portugal, para tingir roupas. Desde então, o homem começou a extrair a floresta sem repor, ocasionando a extinção de espécies, como o Pau Brasil que já não é mais visto.

O mineiro Eugênio Pacelli, 60, é um dos engenheiros florestais mais antigos do Estado. Com 35 anos de profissão, chegou em Rondônia no ano de 1985, recém formado e começou a trabalhar como autônomo, até ser aprovado em um processo seletivo na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), onde foi conduzido ao interior do Estado, em Cujubim, que iniciava o projeto de assentamento. Começou a viver as primeiras experiências como profissional participando do desenvolvimento de um projeto de viveiro, com quase mil mudas distribuídas ao produtor rural. Além de atuar na Sedam, há 16 anos Eugênio é coordenador do curso de Engenharia Florestal em uma faculdade particular em Porto Velho.

“Na visão dos que chegavam, era preciso desmatar para garantir o direito da propriedade, existia um conflito, a gente chegando pra fomentar o plantio de árvore e outros derrubando para garantir a titularidade da propriedade”, contou Eugênio, explicando que o trabalho de extensão florestal e convencimento é muito importante para o processo de desenvolvimento.

“Se voltar hoje, após mais de 30 anos, têm árvores que plantamos na época”. Definindo seu trabalho como um privilégio, Eugênio ressalva que a gratificação está em atuar com um ser vivo, a árvore nasce, cresce, se reproduz e morre, naturalmente renovável.

Segundo contou Eugênio, uma ideia oriunda dos engenheiros florestais do Estado, inclusive ele, tornou possível o desenvolvimento ambiental e privilegiou Rondônia com o Zoneamento Socioeconômico Ecológico, que dividiu o Estado em zonas, com definição de uso restrito conforme cada realidade. Como a Zona 1, que pode ser utilizada para a agropecuária com desflorestamento, ou a Zona 3, com unidades de conservação e proteção, recursos hídricos, fauna e corredor ecológico. “Se Rondônia não tivesse esse zoneamento desde 1987, com certeza não estaríamos onde estamos hoje”, completou o engenheiro que acredita que seu papel como profissional deve propor, planejar, criar, construir e ampliar.

Com 42 unidades de conservação e áreas de manejo que podem ser exploradas e mais de 120 mil propriedades rurais. Rondônia continua se desenvolvendo, como no sul do Estado, onde há mais de 10 mil hectares de reflorestamento, proporcionando grandes perspectivas ao engenheiro florestal que pode conciliar o desenvolvimento com a preservação ambiental.