Parlamento britânico rejeita acordo do Brexit pela terceira vez

Parlamento britânico rejeita acordo do Brexit pela terceira vez

Parlamentares britânicos se reúnem para votação de acordo do Brexit nessa sexta-feira (29) — Foto: PRU/AFP

O Parlamento britânico recusou nesta sexta-feira (29), pela terceira vez, o acordo de Theresa May para o Brexit. A reprovação do documento, que já foi aceito pela União Europeia, deixa o Reino Unido cada vez mais próximo de abandonar o bloco em 12 de abril sem estabelecer os parâmetros para o período de transição ou para sua futura relação com os antigos parceiros.

Nesta manhã, 344 deputados votaram contra e 286 a favor do acordo – uma margem mais apertada que nas duas votações anteriores, quando a premiê sofreu derrotas mais contudentes. Uma vez revelados os votos, Theresa May disse que o resultado tem "graves" consequências e admitiu que teme que o Parlamento tenha chegado ao limite do processo.


Com esta rejeição, o governo não poderá prorrogar o Brexit para 22 de maio, como esperava, e a nova data para a saída fica, em princípio, fixada em 12 de abril, quando o Reino Unido terá que deixar o bloco europeu sem acordo nenhum, caso até lá não apresente novas propostas e solicite uma prorrogação mais longa.

"Em apenas 14 dias. Não é tempo suficiente para acordar, legislar e ratificar um acordo. E ainda assim a Câmara tem deixado claro que não permitirá sair sem um acordo. E assim teremos que concordar com um caminho alternativo", disse May.

"A União Europeia tem sido clara no sentido de que qualquer nova prorrogação terá de ter um propósito claro e terá de ser aprovada por unanimidade pelos chefes dos outros 27 estados-Membros antes de 12 de abril. É também quase certo que o Reino Unido seja obrigado a participar das eleições parlamentares europeias", completou a premiê.


A participação nessas eleições é considerada um problema porque representa um processo desgastante e divisivo na política britânica, já que, com o Brexit, não há sentido em escolher representantes do Reino Unido para a instância legislativa da UE.

Neste momento, o cenário do Brexit é o seguinte:

A proposta de acordo de Theresa May foi rejeitada três vezes, mesmo sendo "fatiada" e deixando de fora a declaração política sobre o futuro das relações Reino Unido - UE.
O Brexit, que ocorreria nesta sexta-feira (29), fica adiado para 12 abril, data aceita tanto pelos parlamentares britânicos como pela União Europeia. Se nenhuma outra solução for aprovada na próxima semana, ele pode ocorrer sem acordo, ou seja sem uma definição clara de como ficam as relações entre britânicos e europeus, o que pode ser muito ruim para a economia britânica.
A semana que vem, em que o Parlamento volta a discutir alternativas (esta semana já rejeitou 8, mas elas podem voltar a ser votadas, bem como o acordo de May também pode), parece pouco promissora. De um lado, os líderes da União Europeia não querem rever os termos do acordo. De outro, o mesmo Parlamento que rejeitou a proposta três vezes também se posicionou contra um Brexit sem acordo algum.

Manobras frustradas

Nessa última tentativa de aprovar o documento, May lançou mão – em vão – de duas manobras: prometeu deixar o cargo caso o documento fosse aceito e retirou da votação a declaração política – parte que enfrenta maior resistência.


A declaração política é um documento à parte, com 36 páginas, que delineia como seria a relação entre Reino Unido e União Europeia após o Brexit. O acordo de retirada, por sua vez, tem 585 páginas e trata da saída propriamente dita, como detalhes sobre o período de transição e garantias para os direitos dos cidadãos.


A promessa de renúncia de May pode ter um efeito inverso do pretendido. Segundo a imprensa britânica, parlamentares da oposição temem que um próximo primeiro-ministro conservador seja até mais radical do que ela e torne a negociação da declaração política ainda mais dura.